Sonho meu – do livro Destino e crônicas
Sonho meu
Sonhei até o fim, até agora. Várias noites em que fui inundada pelo erotismo da exuberância do teu corpo – que nunca vi – sei que é bonito. Momentos que respondeu os estímulos – meus – desejados. O sonho já está sendo. É esse, o qual, tu lês agora. Tenho medos. Medo de desagradar a realidade e estragar tudo. Desagradar um ao outro. Não serei capaz de continuar a mesma. Correspondo-me com esse caos incompleto. Tua presença, um dia, poderá fazer falta. Mas esses sonhos me levam da vida comum. Completam-me dia-a-dia. Seduzem e abduzem o que possuo.
Lembra a nossa troca de mensagens? Sei, fui inconveniente. Pedi-lhe o endereço (sem dúvidas da tua inocência). Jamais mandaria flores. Levaria a ti, minha entrega mais breve, mais relâmpaga, mais veloz, mais ligeira, mais faminta. Levaria esse sonho bem extasiado. Disse-me que havia dois endereços. Porém, apenas um chegou até mim. Imagina dois. O que levaria, então, ao outro? Se o primeiro já me entreguei; o segundo iria desintegrar!
Quando me olhou, eu o atraí nesse mal olhado. Prontamente eu o possuí em imaginações severas. A intensidade das vezes está arrastando os sonhos. Adiando uma última vez, o esquecimento. Prolongando mais vezes, um pós-parto, fato, ficção… Nada disso. Não terá a última. Mais vezes, mais… Cada vez – quero – mais. Sei, queres também. Das vezes que foi pra mim.
Fui tomar banho. Estava tão afoita com a troca de mensagens que não consegui lidar com a realidade. Eu fugi. Lavei minhas atitudes impotentes. Fiquei melhor. Distraí-me com o vapor da água quente. Desenhei teu rosto no espelho. Toquei a face, em ilustres movimentos harmônicos. Uma expressão sem par. É monstruoso dizer que sinto o teu corpo quando penetro o meu. Ouço tua voz quando escuto a minha. Corpo contra o próprio corpo produz erotismo, produziu você.